Amigos ou Espelhos

Algumas pessoas são tão queridas e outras nem tanto. E o mais interessante é que a primeira vez que eu ouvi “você espelha no outro os seus defeitos” foi numa aula de filosofia no fim dos anos 80 quando eu cursei meu único mês de magistério no colégio E.E.P.S.G. Dr Eduardo José de Camargo em Paraibuna. Os anos se passaram e eu repetia isso vez ou outra e conseguia perceber perfeitamente isso no outro mas nunca em mim. Aos poucos e quase que parando eu fui tomando consciência dia após dias das qualidades e defeitos que encontro nas pessoas que me cercam. Mas confesso que isso também foi provocado por profundas reflexões sobre o texto abaixo.

“Certa vez um sábio que estava sentado à entrada da sua cidade foi abordado por um transeunte que pensava em entrar na cidade.

– Como são as pessoas dessa cidade?

O velho respondeu: São iguais as pessoas da cidade de onde você vem. – Eu planejava em ficar aqui mas as pessoas da minha cidade são tão mesquinhas, fofoqueiras e desagradáveis que eu resolvi deixar tudo para trás em busca de um lugar melhor.

– Infelizmente, disse o velho, aqui é exatamente igual.

O homem seguiu seu caminho e mais tarde naquele dia outro transeunte se aproximou e questionou sobre a cidade. E o velho deu a mesma resposta.

– Que maravilha, disse o jovem. De onde venho as pessoas são tão bondosas, amigas acolhedoras. Eu certamente gostarei de viver aqui.

O discípulo ouvia a tudo com muita atenção e questionou ao sábio: Mestre, não compreendo. Como você conhece as pessoas das cidades de onde vieram esses estranhos? E o mestre com todo o carinho respondeu.

– Você enxerga no outro aquilo que você tem dentro de você. Seu mundo externo é o espelho do seu mundo interior.” (não recordo o nome do autor)

Bem o que eu posso dizer é que eu aprendo a aceitar e acolher as minhas qualidades e a respeitar e compreender os meus defeitos. E todas as vezes que amo demais alguém ou odeio demais outro alguém simplesmente inicio uma varredura interna para encontrar o que nesse sentimento se refere a minha pessoa e à minha personalidade. Você nem imagina como passa a ser fácil perdoar o outro quando você reconhece nele um pedaço de você. Conhecendo você e sabendo o quão bom você é então possível aceitar que o outro também é bom e provavelmente  uma pessoa incrível, talvez em sofrimento ou talvez em um momento de puro êxtase.  Às vezes isso é compatível com o meu momento e às vezes não. Daí a simpatia ou antipatia. No meio de tudo isso está a empatia sem mais nem menos, apenas sensibilizar e deixar o outro colocar para fora o que lhe aflige.

Do mesmo jeito que você pode se maquiar, emagrecer ou fantasiar-se para se olhar no espelho do seu quarto você pode transformar a sua alma para olhar ao seu redor e viver melhor.

Namastê